Dificuldades na introdução alimentar, um papo com a fonoaudióloga.
- DraBárbara Donato Vieira
- 9 de jun. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 13 de mai. de 2021
Entrevista com a fonoaudióloga Marisa Kellen Santos de Moraes sobre as dificuldades e dicas na introdução alimentar
O que pode causar dificuldades na Introdução alimentar?
A questão das dificuldades vai depender de cada criança, muitos fatores pode interferir nessa fase, como por exemplo: problemas gastrointestinais, Hipertrofia das Amigdalas e Adenoides, alterações sensoriais tanto as globais como sensório oral, ambiente familiar, como os alimentos são oferecidos para a criança, situações onde a criança apresentou internação em UTI Neonatal, dificuldades de sucção no seio materno e também temos a Neofobia que é uma etapa que faz parte do Desenvolvimento Infantil, pode ocorrer de 2 a 5 anos. Nessa fase é comum algumas crianças rejeitarem alimentos que um dia já foram aceitos.
Além da rejeição do alimento a criança pode apresentar outro tipo de sinal?
Sim, sempre que a criança rejeita o alimento ela está tentando passar alguma mensagem, mas muitas vezes não compreendemos o que a criança quer dizer com aquela recusa. Então precisamos ter atenção toda vez em que a criança rejeitar algum tipo de alimento, pois o motivo pode ser desconforto ou incomodo durante ou após as refeições.
Como é o trabalho do Fonoaudiólogo com crianças que apresentam dificuldades na introdução alimentar?
A nossa conduta consiste em analisar todo o contexto no qual a criança está inserida, histórico familiar e como foi o desenvolvimento da criança, se há alguma patologia diagnosticada: Alergias, problemas Gastrointestinais, Hipertrofia da Amigdalas e Adenoides, Autismo e outros possíveis diagnósticos que podem ocasionar dificuldades no processo alimentar. Após a análise é realizado a avaliação das estruturas orofaciais, das funções: de respiração, mastigação, sucção e deglutição, assim como uma avalição dos aspectos sensório motor oral, ou seja, como a criança sente o alimento na boca, como ela experencia as texturas, temperatura e sabor dos alimentos, pois uma
disfunção sensorial pode aumentar ou diminuir o nível de sensação ao comer promovendo desconforto. Contribuindo para a recusa dos alimentos, limitando o número de alimento que a criança come.
Como deve ocorre a estimulação da mastigação da criança?
Durante o processo de desenvolvimento da mastigação é preciso seguir os Pré-Requisitos sendo eles: Manter a postura e estabilidade do corpo durante a oferta, evitar ofertar o alimento com a criança no colo; estimular a percepção e discriminação Sensorial ou seja a Temperatura, Forma, Textura e Tamanho
Relação conexão Mão e boca, ou seja, evitar ofertar alimentos amassados na fase onde a criança já pode comer alimentos sólidos e permitir a criança leve o alimento até a boca; ter contato com objetos que podem ir a boca. Para que a criança possa conseguir mastigar ele deve ter habilidade motora oral ou seja deve conseguir realizar o controle da abertura e fechamento de boca, movimentos adequados da mandíbula, mobilidade adequada da língua e a organização de todos esses movimentos. A família também contribuiu nesse processo pois a família é o modelo já que as crianças também aprendem por imitação. Então quanto mais a criança receber estímulos melhor será o desenvolvimento da função de mastigação.
Quais são as orientações e dicas para os pais com filhos que apresentam dificuldades para aceitar os alimentos?
É de suma importância que seja evitado batalhas, punições e pressão para que o filho coma aquilo que os pais acham que é bom para ele pois isso não funciona, quanto mais pressionar menos ele comerá.
Em relação as dicas temos: Participar de atividade sociais que envolve alimentos por exemplo piquenique; continuar ofertando os alimentos mesmo quando inicialmente forem rejeitados variando a forma de preparo e oferta. Ex: formato; evitar distrações com Vídeos e brinquedos; realizar as refeições em família; colocar os alimentos em travessas na mesa para que a criança possa ver todos os alimentos; envolver a criança na preparação de alimentos; propiciar momentos lúdicos, ou seja, brincar com os alimentos, inclusive fora da mesa de refeição; fazer arte com os alimentos; respeitar e valorizar o conforto da criança ao comer; Identificar o que a criança gosta de comer; adaptar as características dos alimentos para que possam promover conforto a criança ao se alimentar; ter atenção com as texturas dos alimentos já que mudanças podem facilitar ou dificultar a aceitação; substituir a palavra: EXPRERIMENTE por: quer pegar, que tal lamber, sente o cheiro, brinque com ele ou seja tentar fazer com que a criança tenha interesse e algum tipo de contato com o alimento.
Marisa Kellen Santos de Moraes é fonoaudióloga da UTI-NEO do HGG, atua em Neopediatria, Disfagia, Motricidade Orofacial e Linguagem
Atendimento Clínico: Clínica CLISO Guanambi 773452 0640
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